Ministro acusa Romário de misturar fé e esporte, mas esquece diabruras com cartão corporativo

Pegando carona – Quando a FIFA, em outubro de 2007, anunciou que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, os jornalistas do ucho.info foram céleres e uníssonos ao afirmar que o País não tinha, como ainda não tem, condições para abrigar eventos dessa magnitude. Um dos maiores problemas no rol das obras para a Copa, os aeroportos brasileiros mereceram manifestações de preocupação do secretário-geral da FIFA, o francês Jérôme Valcke. Mas não demorou muito para que Luiz Inácio da Silva, então presidente da República, chamasse Valcke de “idiota”. Até mesmo este site mereceu críticas do messiânico Lula.

Não faz muito tempo, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, foi claro ao afirmar que o Brasil corria o sério risco de servir de palco para um enorme fiasco durante a Copa de 2014. Os palacianos não gostaram das declarações do melhor jogador de futebol de todos os tempos, mas é preciso admitir que o “Atleta do Século” estava coberto de razão.

Agora, com as obras da Copa atrasadas e a um passo de se transformarem em um oceano de escândalos, o ex-jogador e deputado federal Romário de Souza Faria (PSB-RJ) causou constrangimentos aos integrantes do governo da neopetista Dilma Vana Rousseff. Há dias, durante entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Romário disse que somente Jesus Cristo seria capaz de salvar a Copa do Mundo no Brasil. E mais uma vez o “Baixinho” fez um gol de placa.

Mesmo com atraso, o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., decidiu contestar as palavras do ex-camisa 9 da seleção brasileira. “O Romário, como jogador, sempre foi lembrado por ser uma pessoa bem-humorada. O Romário, como deputado federal, continua bem-humorado”, disse o ministro na terça-feira (21). “Tenho a questão da crença religiosa muito séria para mim e acredito que religião não se brinca”, emendou Orlando Silva durante evento na capital paulista.

O proselitismo barato do ministro do Esporte é explicável, pois o Palácio do Planalto custa a admitir que a Copa de 2014 será um vexame internacional, caso nenhum milagre aconteça até lá. Por outro lado, o deputado federal Romário Faria de Souza não misturou religião com esporte, mas apenas se valeu de uma forma usual de falar, clamando aos céus por uma solução. Ou seja, Orlando Silva Jr. quer usar a declaração do ex-jogador para tirar do dorso de Dilma Rousseff a responsabilidade por um eventual fracasso da Copa.

A manifestação de fé e o “bom-mocismo” de Orlando Silva não passam de uma mistura oportunista de um homem público que quando usou o cartão de crédito corporativo para comprar uma tapioca sequer pensou que estava agindo sob a influência luciferiana. O brasileiro não suporta mais essas declarações ufanistas e baratas das autoridades, que transformam as declarações alheias em verniz para encobrir as ranhuras da improbidade.