Líder tucano defende a criação de CPI para investigar escândalos no Ministério dos Transportes

Lupa na mão – As novas denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes reforçam a necessidade de uma CPI para investigar as propaladas irregularidades. Pelo menos é assim que pensa o senador paranaense Alvaro Dias, líder do PSDB no Senado Federal.

Dias entende que há um loteamento do governo de Dilma Rousseff e que a crise é setorizada. “São informações em quantidade que jamais se viu. Pelo menos diz respeito a uma esfera do governo, a um setor do governo a um lote. Já que o governo foi loteado e os partidos são proprietários. Este é um lote onde se vê corrupção de forma inquestionável.” O senador paranaense crê que é dever do Senado instaurar uma CPI para investigar as irregularidade e dar uma resposta imediata à população do País. “Nós temos que reabilitar esse instituto que é fundamental para que a limpeza ocorra quando há sujeira no governo.”

Questionado sobre o fato de o diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrura (DNIT), Luiz Antônio Pagot, estar gozando de férias remuneradas, Alvaro Dias responde com outra pergunta: “Quanto vale o silêncio de Pagot?” A presidente é quem deve saber, rebate o senador tucano.

O senador acredita que somente uma CPI poderá promover investigação mais profunda, pois o Ministério Público ainda não teve condições de iniciar o processo investigatório. “O importante, agora, é tentar a Comissão Parlamentar de Inquérito. Faltam quatro assinaturas (são 37 no total) e no início de agosto temos que trabalhar para instalar essa CPI. Eu acho que é dever do Senado Federal. O que há aí é uma afronta ao País. Desvio de bilhões de reais. Isso não pode ficar impune. As medidas até agora adotadas pelo governo não são suficientes. O Ministério Público ainda não teve tempo de instaurar os procedimentos para a investigação judiciária. Cabe ao Congresso Nacional agir com celeridade para dar resposta imediata à população do País.”

O líder tucano falou sobre a participação do Tribunal de Contas da União (TCU) no levantamento das irregularidades. “O TCU revelou que em apenas dois anos, 2009 e 2010, foram mais de R$ 7 milhões. Imagine se o Tribunal de Contas tivesse possibilidade de auditar oito anos e meio de desvios do Ministério dos Transportes”. Quanto à interferência da Procuradoria Geral da República (PGR), Alvaro Dias tem certeza de que os procedimentos serão encaminhados. “Haverá eficiência e certamente teremos a resposta. Como tivemos no caso do Mensalão.”

O parlamentar paranaense lembrou que faltam quatro assinaturas para atingir o número regimental para abrir a CPI. “Esses fatos novos nos dois últimos dias certamente haverão de convencer alguns relutantes e que devem assinar essa CPI por uma questão de dignidade”, destacou.

Na opinião de Dias, há incrustado no governo federal um modelo de pagamento de propinas. “São vários os artifícios utilizados para contemplar aliados do governo. Existe empresa terceirizada que movimenta recursos que contrata pessoal, além das licitações que são obviamente fraudadas. Já que as obras estão além de superfaturadas, são superfaturamentos inusitados. Dezessete quilômetros de pavimentação [custaram] R$ 300 milhões. E daí para frente. A indignação não pode ser menor do que o tamanho desse escândalo.”

De acordo com Alvaro Dias, a base aliada e o governo não deverão impedir a abertura da CPI. “Diante dos fatos não há como relutar. Eu creio que o próprio governo perdeu condição política e moral de impedir a instalação de uma CPI nesse caso”, disse o senador.

Com relação à estratégia de o governo tentar encobrir um escândalo com outro, o senador entende que não se pode deixar a opinião pública se esquecer. “Não tirar de cena o escândalo antes que ele possa ser esclarecido e ocorra julgamento e punição. Por isso, que nós temos que continuar repetindo: escândalo do Palocci, escândalo dos Aloprados, escândalo do Ministério dos Transportes. Não podemos substituir um escândalo por outro.”