Invasores de embaixada líbia em Brasília exigem posição do governo brasileiro sobre conflito

(Foto: Marcelo Casal - ABr)
Compasso de espera – Desde cedo um grupo de líbios, que vive no Brasil, está dentro da Embaixada da Líbia em Brasília. Um dos integrantes disse à “Agência Brasil” que eles só sairão da representação diplomática depois de confirmada a saída do líder líbio, Muammar Al-Khaddafi, do poder. Um diplomata brasileiro foi ao local para negociar que a permanência do grupo sem que ocorram conflitos nem embates.

Sadik Jamel, comerciante líbio que faz parte do grupo e mora em Goiânia, disse que eles cobram do governo brasileiro uma posição sobre o conflito na Líbia. Segundo ele, o embaixador da Líbia no Brasil, Salem Zubeide, representa Al-Khaddafi, e eles não reconhecem o atual regime.

Desde fevereiro, a Líbia está em crise. Manifestantes contrários a Al-Khaddafi pressionam para que o ditador abra mão do poder, depois de 42 anos no comando do país. Na manhã desta segunda-feira (22), os rebeldes oposicionistas conseguiram entrar em Trípoli e cercar o quartel-general do ditador líbio. Segundo informações do núcleo da oposição, três filhos do líder foram capturados.

O embaixador Salem Zubeide assume ser fiel ao governo de Al-Khaddafi, mas internamente na representação diplomática da Líbia em Brasília há divisões entre diplomatas e funcionários. Alguns se mantêm ao lado do atual regime, enquanto outros são favoráveis ao governo do Conselho Nacional de Transição.

Desde sexta-feira (19), quando houve um confronto entre fieis a Al-Khaddafi e simpatizantes da oposição na Embaixada da Líbia na capital federal, a bandeira do Conselho Nacional de Transição – que é controlado pela oposição – está hasteada em frente à representação diplomática.

O comando-geral da Polícia Militar do Distrito Federal reforçou a segurança na área que cerca a embaixada. Diante da possibilidade de a oposição assumir o poder no país a qualquer momento e de o líder líbio ser deposto, os policiais militares decidiram redobrar a vigilância no local para evitar tumultos.

A segurança dos prédios e residências vinculadas às representações estrangeiras em Brasília é feita pelo 5º Batalhão Rio Branco da Polícia Militar. Na sexta-feira, o tumulto só acabou após duas horas de negociações e reunião entre dois diplomatas brasileiros da Coordenação-Geral de Privilégios e Humanidades do Ministério das Relações Exteriores e funcionários da representação.

A confusão começou durante o “Eid Al Fitr” – refeição noturna após um dia de jejum em decorrência do mês do Ramadã – quando funcionários da embaixada simpatizantes da oposição a Al-Khaddafi e um grupo de fieis ao líder iniciaram acalorada discussão sobre política. No mesmo momento, cerca de 30 manifestantes protestaram contra o ditador e tentaram ocupar a a sede da embaixada.

O protesto se intensificou quando os manifestantes trocaram a tradicional bandeira verde, que é a oficial da Líbia, por uma usada pelo Conselho Nacional de Transição – comandado pela oposição. O filho do embaixador da Líbia no Brasil, Mutas Zubeide, e dois seguranças armados reagiram aos manifestantes.