STF indicia Maluf e familiares por lavagem de dinheiro, mas é preciso ressuscitar o escândalo Metrored

Flecha ligeira – Na edição de quinta-feira (29) o ucho.info alertou os leitores para o fato de Paulo Salim Maluf ter ocupado a tribuna da Câmara dos Deputados para dar lições de moral e cobrar o fim das “bandalheiras”. Essa aberração aconteceu porque Maluf tentava explicar aos seus pares na Casa legislativa a receita para financiar a saúde sem a criação de um novo imposto, como quer o governo federal, mesmo que publicamente rechace a ideia.

Pouco mais de 24 horas depois do palavrório acintoso do ex-prefeito de São Paulo, o Supremo Tribunal Federal decidiu aceitar denúncia contra Maluf e outras dez pessoas por lavagem de dinheiro. A Corte Suprema entendeu que Paulo Maluf participou ativa e diretamente em um esquema de lavagem de dinheiro decorrente das obras da Avenida Roberto Marinho (antiga Avenida Águas Espraiadas).

A decisão do STF por certo alegrou o promotor de Manhattan, em Nova York, Robert Morgenthau, que há anos luta para enjaular o ex-prefeito e ex-governador. Proibido de entrar nos Estados Unidos por determinação da Justiça norte-americana, que atendeu um pedido de Morgenthau, Maluf foi acusado de fraude contábil nas contas bancárias que mantém na Terra do Tio Sam.

Mas não o objeto da recente decisão do STF contra Maluf não é o único escândalo em que o parlamentar e sua família estão envolvidos. Então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf protagonizou o escândalo que ficou conhecido como “Frangogate”. Na ocasião, o frigorífico “A D’Oro”, de propriedade do empresário Fuad Lutfalla, cunhado de Maluf, forneceu à prefeitura de São Paulo 823 mil quilos de corte de frango, por valor acima do permitido pelo processo licitatório, vencido pela Sadia. Em 2010, a Justiça decidiu absolver Paulo Maluf.

Fora isso, tramita na Justiça de Nova York, e de São Paulo também, um rumoroso e complexo processo sobre a contratação da empresa Metrored, que foi responsável pela instalação de cabos de fibra ótica na capital paulista. Empresa do fundo de investimentos canadense Fidelity, a Metrored se beneficiou de uma operação montada em Miami para corromper autoridades paulistanas, a fim de facilitar o processo licitatório e garantir a vitória na concorrência. O esquema de corrupção foi operado por alguns alarifes brasileiros, residentes em Miami, e custou a bagatela de US$ 10 milhões.

Escândalos à parte, é bom lembrar que o mais novo alvo do STF participou da intifada que ejetou do deputado federal Nelson Meurer (PR) da liderança do Partido Progressista na Câmara. A operação foi capitaneada pelos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Benedito de Lira (PP-AL) e pelo deputado Eduardo da Fonte (PP-PE). Além de Maluf, o maquiavélico trio contou com o incondicional apoio do deputado Esperidião Amin, ex-governador de Santa Catarina. Resta saber o que essa turma de paladinos da moralidade tem a dizer sobre o companheiro Maluf.