Embrapa garante que agroenergia responde por 45% da oferta de energia do Brasil

Agricultura familiar – O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, José Manuel Dias, destacou na quinta-feira (6), na Câmara dos Deputados, que as fontes renováveis representaram no ano passado 45,4% da oferta total de energia no Brasil. Enquanto isso, o petróleo e seus derivados corresponderam a 38% do montante energético. Segundo Dias, a utilização de fontes renováveis no País é muito superior à média global, que gira em torno de 12% da oferta total.

As declarações foram dadas em audiência pública para avaliar o 1º Plano Nacional de Agroenergia e de Microdestilarias, válido entre 2006 e 2011. O evento foi promovido pela subcomissão permanente sobre energias alternativas e renováveis, vinculada à Comissão de Minas e Energia. A agroenergia é obtida a partir de produtos agropecuários e florestais e tem o objetivo de diminuir a dependência do petróleo e reduzir a emissão de gases poluentes.

De acordo com o dirigente da Embrapa, as principais metas do plano estão sendo cumpridas, incluindo a redução comprovada da circulação de gases que provocam o efeito estufa. Entre as experiências bem sucedidas mencionadas por Dias está o programa de biodiesel (combustível produzido a partir da soja, do pinhão-manso, do dendê e outras oleaginosas). “Hoje, todo óleo diesel que é comercializado no País tem 5% do biodiesel”, lembrou.

O diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Dornelles, afirmou que uma das importâncias do programa de biodiesel foi a inclusão da agricultura familiar na cadeia de produção energética, contribuindo para a geração de renda nessa população. Conforme Dornelles, em 2010 houve mais de R$ 1 bilhão em aquisições de fontes energéticas vindas da agricultura familiar, sendo que, em 2009, o valor tinha sido de apenas R$ 677 milhões.

O aumento do uso dos carros flex, que possibilitam o uso do etanol (combustível cuja matéria-prima é basicamente a cana-de-açúcar), também foi apontado pelo dirigente da Embrapa como um dos sucessos do Plano Nacional de Agroenergia. Dias ressaltou que, entre 2001 e 2011, a produção do biocombustível no Brasil dobrou, embora o programa de etanol tenha sido muito afetado pela crise econômica de 2008.

Outro fator que afeta o programa de etanol é a baixa na produção de cana-de-açúcar. “Neste ano, a produção baixou por falta de chuva”, explicou. Dias afirmou que melhorar a produtividade da cana-de-açúcar para o etanol e das matérias-primas para o biodiesel é um dos grandes desafios para o próximo Plano de Agroenergia, em fase de elaboração, que valerá entre 2012 e 2016.

“A demanda por cana-de-açúcar está aumentando, mas a produção brasileira está caindo, o que vai exigir um investimento grande”, complementou o superintendente de Refino e Processamento de Gás Natural da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), Waldyr Barroso. O texto é da repórter Lara Haje, do “Jornal da Câmara”.