Após vencer eleições na Espanha, o direitista Mariano Rajoy promete o que a Europa ainda procura

Promessas de sobra – Repetindo o que sempre ocorre quando há alternância no poder, a direita espanhola assume o comando de um país que está sob o açoite da crise europeia, mas o vencedor da eleição de domingo (20), o direitista Mariano Rajoy, do Partido Popular, disse, após ter confirmada sua vitória nas urnas, que a Espanha “vai deixar de ser um problema para voltar a ser parte da solução”. Ou seja, Rajoy chega prometendo algo que não sabe se será possível cumprir.

Há uma enorme distância entre o desejo de acertar e o acerto propriamente dito. Considerando que a crise que chacoalha a chamada zona do euro tem tirado o sono até mesmo da primeira-ministra Angela Merkel, da sisuda e sempre cautelosa Alemanha, a empreitada de Rajoy não será das mais fáceis. “Governarei a serviço da Espanha e dos espanhóis. Ninguém tem que sentir inquietação alguma, não haverá para mim outros inimigos que o desemprego, o déficit, a dívida e a estagnação econômica”, disse o vitorioso Mariano Rajoy em sua primeira mensagem aos espanhóis.

A favor de Mariano Rajoy há a folgada maioria que o Partido Popular conseguiu nas urnas. Com 96% dos votos apurados, o PP elegeu 186 deputados, frente a 110 do PSOE, maioria absoluta que dará Rajoy poder de manobra sem depender de pactos com outras forças políticas.

Se for a estrita tradução das suas palavras, o desejo de Rajoy não é impossível, mas será necessário algum milagre na Europa para que tudo o que foi prometido pelo direitista eleito saia do universo do discurso. Outros quatro países da Europa viram seus timoneiros políticos serem substituídos por causa da crise: Irlanda, Portugal, Grécia e Itália. O novo chefe do governo da Espanha precisará contar com a ajuda incondicional da população, que perdeu as esperanças sob a batuta do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, que viu a crise europeia impor ao seu partido, o PSOE, a maior derrota da história da agremiação política.