Chumbo trocado – O brasileiro que se prepare, pois a política deve patrocinar espetáculos ainda mais pífios de agora em diante. Tudo porque em jogo está o controle das principais cidades brasileiras, que terão o futuro definido nas eleições municipais de 2012. Fora isso, reforça o cardápio da sordidez a sucessão da neopetista Dilma Vana Rousseff, que por questões lógicas deve disputar a reeleição.
Enquanto o assunto é discutido nas coxias do poder, com direito a lances enfadonhos e nauseantes, alguns políticos protagonizam cenas repugnantes. Há dias, o policial militar João Dias Ferreira invadiu o Palácio do Buriti, sede do Executivo do Distrito Federal, e, após agredir fisicamente duas servidoras, atirou sobre a mesa R$ 200 mil, dinheiro que, segundo o invasor, lhe foi entregue para evitar novas denúncias contra o governador Agnelo Queiroz, acusado de envolvimento em um esquema de desvio de recursos no Ministério do Esporte. As denúncias de João Dias patrocinaram a queda do ministro Orlando Silva Jr., também acusado de participar do esquema de desvios.
O primeiro detalhe estranho nessa epopeia é que João Dias Ferreira fez parte da fraude que teve como palco o programa Segundo Tempo. Ou seja, as denúncias do policial só vieram à tona porque algo não seguiu o combinado. Acontece que sem provas concretas não há acusação que se sustente. O segundo detalhe da história é que João Dias afirma ter atirado sobre a mesa das servidoras distritais R$ 200 mil, mas a polícia encontrou um valor menor do que o declarado. Ademais, também causa estranheza o fato de o policial militar ter recebido o dinheiro e só depois ter tentado devolver de maneira truculenta e descabida. Como policial que é, João Dias Ferreira sabe que o melhor seria procurar uma delegacia de polícia ou o Ministério Público para relatar o episódio. Jamais deveria ter feito o que fez. Ele pode alegar que o dinheiro foi deixado em sua residência ou escritório, mas não se tem conhecimento de que no pleno exercício das faculdades mentais alguém seja capaz de tão irresponsável ato.
Mudando para esfera parlamentar, o tempo deve esquentar nos próximos dias. Tudo porque dois delegados federais licenciados podem roubar a cena. Deputado federal eleito pelo PSDB do Paraná, o delegado da PF Fernando Francischini anunciou ter provas incontestáveis sobre o enriquecimento ilícito do governador Agnelo Queiroz, do DF, e de sua família. Francischini disse, dias atrás, que entregará ao Ministério Público as tais provas.
A manifestação de Fernando Francischini surgiu após o lançamento do livro “Privataria Tucana”, que traz acusações sérias contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra, eventual candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, território político que os petistas querem retomar a qualquer preço. Em outras palavras, as denúncias do delegado-deputado são uma espécie de antídoto contra a peçonha do livro.
Governar a maior cidade brasileira, São Paulo, é o sonho de todo político que se preze. E esse sonho também passa pelo imaginário de nove entre dez integrantes do PCdoB, que pode lançar o pagodeiro e agressor de mulheres Netinho de Paula como candidato ao trono paulistano. Para que o PCdoB ganhe destaque e neutralize as chances de José Serra aceitar concorrer em 2012, o também delegado e deputado federal Protógenes Queiroz anunciou na quinta-feira (15) que já as assinaturas necessárias para requerer a instalação na Câmara de uma CPI para investigar as denúncias contidas no livro “Privataria Tucana”.
Tudo certo, pois política é um imundo jogo de interesses, onde seus operadores ignoram a verdade, a ética e o bom senso. Experientes como policiais, Francischini e Protógenes, que integram a mesma corporação, devem saber o que fazem. São grandes as possibilidades de nada ser provado em ambos os casos, mas um assunto pode tirar o sono dos caciques do PCdoB. A aquisição da sede do partido em São Paulo. Quem viver verá!