Agendar uma tomografia no serviço público de saúde é um prêmio, mas Dom Pedro I alcançou a sorte

Sem noção – O Brasil é o país das incongruências. Na rede pública de saúde, o agendamento de uma tomografia demora meses. Muitas vezes o incauto paciente morre sem saber o mal que o acometia. Mas essa é a realidade do serviço público de saúde, que um dia Lula ousou afirmar que estava a um passo da perfeição.

Nos últimos dois dias o Brasil foi tomado pela surpreendente notícia sobre a exumação dos cadáveres de Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dona Amélia, uma operação secreta que durou alguns meses, cujo objetivo é reconstituir o rosto e a voz do português que proclamou a independência do Brasil. Para saber detalhes como Dom Pedro I e suas duas mulheres morreram, os cadáveres foram levados secretamente ao Hospital das Clínicas, onde foram submetidos a tomografia, que constataram fatos diferente dos que eram relatados até então.

Essas descobertas em nada mudarão a história do País e muito menos contribuirão para reverter o estado caótico em que se encontra a saúde pública no Brasil. Não se trata de condenar o projeto e ser contra o resgate da história em seus mínimos detalhes, mas isso só pode acontecer quando sociedade deixar de enfrentar as seguidas mazelas do Estado, muitas delas que corroem a dignidade do cidadão.

Muito antes de saber como era a feição de Dom Pedro I e de suas esposas, as autoridades deveriam se preocupar com a manutenção do Museu do Ipiranga, que está abandonado e sendo consumido pelo tempo. Querer preservar a história começando por aquilo que ainda é desconhecido e relegar ao descaso o que já existe é no mínimo burrice. Afirmar que essa atitude é piada de português seria uma heresia ao agora revirado Dom Pedro I.