Ópera bufa – Ao contrário do que afirmaram, há dias, as autoridades venezuelanas, a transferência do tiranete Hugo Chávez de Havana para Caracas não se deu por causa da anunciada e estupenda melhora no quadro de saúde do bolivariano, mas porque os médicos cubanos nada mais tinham a fazer em relação ao câncer (sarcoma) que está em fase avançada de metástase e provocou sérias complicações, como há havia noticiado o ucho.info no início de janeiro.
A divulgação de uma foto de Chávez ao lado das filhas, em um leito hospitalar, sorridente e com um exemplar do jornal cubano Granma nas mãos foi mais um capítulo da epopeia mitômana que emoldura o caso e esconde a verdade do povo venezuelano. Os próprios médicos cubanos já haviam informado à família que o caudilho não se recuperaria do câncer e que não mais voltaria a falar, em decorrência das complicações pulmonares provocadas por uma infecção nos pulmões que migrou para o quadro de septicemia.
Chávez é um vivo morto que voltou à sua terra natal para morrer e, assim, evitar uma guerra civil na Venezuela, ao mesmo tempo em que sua presença na capital do país poderá evitar a convocação de nova eleição presidencial e a confirmação de Nicolás Maduro no cargo, desde que, diante de representantes da Justiça, preste juramento e seja empossado em seu novo mandato presidencial, o que deve acontecer com a presença de testemunhas.
Como informamos em matéria publicada no início desta semana, o retorno de Hugo Chávez à Venezuela é mais uma manobra do Palácio Miraflores para evitar o impacto de uma notícia bombástica sobre a população. A estratégia adotada é lentamente preparar os venezuelanos para a ausência de Chávez, o que já começou a ser feito na noite de quinta-feira (21), com o anúncio de que os problemas respiratórios continuam graves. De agora em diante será uma sequência rápida de notícias ruins, até a confirmação da morte do ditador, que em razão da metástase está paraplégico, com os nervos paralisados, respirando com ajuda de aparelhos e sem falar.
Fato é que esse enredo mentiroso que começou a ser contado desde meados de dezembro passado pode custar muito caro aos venezuelanos, que vivem uma profunda crise econômica e social. Para agravar o cenário político, o vice Nicolás Maduro e o presidente da Assembleia Nacional Venezuelana, Diosdado Cabello, estão de olho no Palácio Miraflores e nos bastidores travam uma dura guerra pelo poder, com direito a acusações de parte a parte. Aguardando o desfecho da situação, mas preparando-se para uma nova eleição, está o oposicionista Henrique Capriles. Se a população concluir que foi enganada durante o período da última internação de Chávez, a situação política na Venezuela pode sofrer uma reviravolta.