Imprensa destaca conspiração contra Odilo Scherer, usado como massa de manobra

Só fumaça – A escolha do novo papa, que assumirá o cargo a que renunciou o alemão Joseph Ratzinger, já é marcada pelo mesmo movimento que emolduram as eleições ao redor do mundo. A expectativa em torno do nome do escolhido é grande e atrai a atenção de milhões de pessoas, mas encerrada a eleição ninguém mais se preocupará com os bastidores do Vaticano.

Muito estranhamente, surgiram na imprensa brasileira, da noite para o dia, especialistas em assuntos da Santa Sé que jamais rezaram o “Pai Nosso” do começo ao fim. Atribuir à imprensa italiana uma conspiração contra o cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e um dos candidatos à sucessão de Ratzinger, é mostra de desconhecimento total do assunto.

Quando o nome de Scherer passou a ser ventilado na mídia como um dos papáveis, o ucho.info alertou para o fato que essa repentina e meteórica candidatura não passava de massa de manobra do crime organizado que opera atrás dos muros da Praça São Pedro. Não se pode esquecer que Bento XVI, antes da renúncia, fez algumas nomeações, dentre elas a de Odilo Scherer para um cargo que pode ser classificado como corregedor do Banco do Vaticano, cuja missão é monitorar as operações da instituição financeira.

O Vaticano, como já largamente noticiado por este site, é palco de uma secular disputa pelo poder, que contrapõe grupos de correntes distintas e organizações criminosas dos mais variados matizes, começando por traficantes de grupos mafiosos e alguns integrantes da maçonaria.

Cientes de que o nome de Scherer poderia causar certa apreensão em determinada ala da Igreja, os rivais se valeram da suposta candidatura do arcebispo da capital paulista para lançar um factóide em meio às orações.

Isso não significa que a Odilo Scherer faltam condições para chegar ao posto máximo da Igreja Católica. Se isso acontecer, o clérigo brasileiro terá de redobrar os cuidados com a segurança, uma vez que o jogo continuará sendo bruto nas coxias da Santa Sé, onde os interesses são muitos e o dinheiro envolvido nas ilegalidades é enorme.

Dar crédito à queda de uma hóstia no chão e à troca de um dos dez mandamentos, fatos que são apontados como gafes de Scherer, é embarcar na teoria da conspiração que os grupos que se rivalizam na sede da Igreja usam para esconder o mar de lama que margeia a Praça São Pedro. O máximo que se pode afirmar é que o cardeal brasileiro não deveria ter defendido a Cúria no caso dos inúmeros escândalos da Igreja.

A melhor opção para Odilo Scherer é continuar como arcebispo da maior cidade brasileira, o que lhe pouparia o currículo irretocável, até então, e preservaria sua vida.

O importante é acompanhar o comportamento da imprensa brasileira depois da escolha do novo papa. Certamente os veículos midiáticos não dedicarão aos escândalos do Vaticano o mesmo espaço que ora abrem à eleição do sucessor de Ratzinger.