Sem explicação – Em novo discurso à nação, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, atribuiu nesta terça-feira (16) os atentados a bomba da véspera, em Boston, a uma ação terrorista. No entanto, ele deixou claro que ainda não se sabe se a dupla explosão foi obra de uma organização – estrangeira ou local –ou do que chamou de um “indivíduo malévolo”.
As explosões ocorreram na área da linha de chegada da tradicional Maratona de Boston, matando pelo menos três pessoas e ferindo mais de 170. “Toda vez que bombas são usadas para atingir civis inocentes, trata-se de um ato de terrorismo”, definiu Obama, apelando aos americanos para que estejam vigilantes e registrem qualquer atividade suspeita.
Na segunda-feira, duas horas após o atentado, Obama também discursou à nação. Na ocasião, no entanto, ele preferiu evitar usar o termo terrorismo, linha adotada por quase todas as autoridades americanas nas 24 horas que seguiram o atentado.
Baseado em informações do diretor do FBI, Robert Mueller, da secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano, e outras autoridades nacionais de segurança, Obama disse nesta terça que foi o pior ataque em solo americano desde o “11 de Setembro”. Ainda há muito a investigar, acrescentou, pois no momento não se tem qualquer indicação sobre autoria e motivos do que ele classificou como “um ato hediondo e covarde”.
“Levará tempo seguir cada pista e determinar o que aconteceu, mas nós descobriremos. Vamos encontrar quem quer que tenha ferido os nossos cidadãos e vamos levá-lo à Justiça. Também sabemos o seguinte: o povo americano não se deixa aterrorizar”, afirmou.
O presidente americano ordenou que a bandeira nacional no alto da Casa Branca fosse baixada a meio mastro, em memória das vítimas.
Indícios de ação solitária
Segundo as informações mais recentes, as bombas de Boston foram fabricadas com panelas de pressão recheadas de pedaços de metal e rolimãs. Até o momento, ninguém reivindicou o atentado.
“Se isso indica alguma coisa, é para a possibilidade que [o ataque] foi doméstico, e não internacional”, opinou Paul Rogers, consultor de segurança global do think tank britânico Oxford Research Group. “Pode ser um caso semelhante à explosão no Centennial Park, durante os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.”
O jornal New York Times também observou que os dispositivos explosivos empregados em Boston eram comparáveis, em tamanho, à bomba usada em Atlanta. Adam Montella, consultor profissional de segurança interna sediado em Virgínia, concorda quanto à improbabilidade de que um grupo terrorista estrangeiro esteja envolvido.
“Há todos os indicadores, e minha intuição também me diz isso”, declarou à Deutsche Welle. “A história mostra que os ‘bandidos’ – ou os grupos estrangeiros – são muito rápidos em assumir responsabilidade, e eles não assumiriam algo que não fosse deles. Eles têm uma máquina de relações públicas, como qualquer outra companhia.”
Os terroristas solitários, por sua vez, costumam não reivindicar seus atos, ressalta Montella. “Eles geralmente acabam sendo apanhados, no entanto. E eu espero que este seja o caso, aqui. Era um evento esportivo importante. Existe um monte de material filmado, e as câmeras de circuito fechado de TV dos edifícios vizinhos.”
Quanto à possível identidade dos criminosos, o especialista explica: “Há toneladas de assim chamados grupos de terrorismo doméstico nos EUA. Tem de tudo, desde organizações de fundo religioso a todo tipo de grupos com motivação política ou sociológica. Costumava haver um foco sobre essas pessoas, mas recentemente concentramos mais a nossa atenção no terrorismo internacional – e acabamos esquecendo os idiotas de fabricação caseira.” (DW/RTR/AFP)