Prédio desaba na Zona Leste de São Paulo e jornalistas encenam o pífio espetáculo do “achismo”

(Wether Santana - AE)
Coisa de louco – Pior do que jornalista locutor de tragédia é o espetáculo de “achismo” que muitos profissionais protagonizam. E isso não é um privilégio da imprensa brasileira, porque esse comportamento se repete ao redor do planeta.

Na manhã desta terça-feira (27), por volta das 8h30, um prédio em construção desabou no bairro de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista. Minutos depois do anúncio da tragédia que fez seis mortos e deixou 24 pessoas feridas, sendo sete em estado grave, jornalistas chegaram ao local e passaram a transmitir ao vivo detalhes do acidente, como se as famílias que perderam seus entes queridos não merecessem respeito.

Três supostos sobreviventes permaneciam sob os escombros por volta do meio-dia, mas aos jornalistas interessava apenas acionar a usina de conjecturas a que são obrigados pelos veículos de comunicação onde trabalham. Sem qualquer conhecimento dos fatos e muito menos de engenharia, os repórteres começaram a levantar hipóteses e, inclusive, a apontar culpados e falar em indenizações.

Quando defendem a exigem do diploma universitário para o exercício do jornalismo, os sindicalistas pelegos alegam que apenas os profissionais que frequentaram o banco da escola sabem, por exemplo, o que é ética. Não, ética nem de longe se aprende na escola ou na faculdade, mas no seio familiar. De nada adianta um cidadão frequentar o curso de jornalismo se na redação alguém lhe cobrará uma postura sensacionalista.

O ucho.info relembra o trágico acidente ocorrido no Aeroporto de Congonhas, em 17 de julho de 2007, quando um avião da TAM não conseguiu frear e acabou se chocando com terminal de cargas da companhia aérea, matando 199 pessoas. Logo após o acidente, jornalistas passaram a travar uma insana disputa pelo ineditismo. Quando há feridos, mortos e familiares em situação de desespero, o mínimo que se deve fazer é a acionar o estoque de ética. Querer adivinhar o que causou um acidente não ajuda e muito menos melhora a informação.

O correto no caso do desabamento do prédio localizado na Zona Leste paulistana é aguardar o trabalho dos bombeiros e depois dos peritos para, em seguida, chegar-se a conclusões e noticiá-las. Atropelar etapas serve apenas para deixar livre o palco para a encenação do sempre pífio e burro espetáculo do “achismo”, que alguns profissionais da comunicação insistem em encenar.