Oposição perde eleição em Honduras e pede aos partidários que ocupem as ruas

(Orlando Sierra - AFP)
(Orlando Sierra – AFP)
Sem saída – O Supremo Tribunal Eleitoral (STE) de Honduras declarou nesta terça-feira (26) que o candidato governista à presidência, Juan Orlando Hernández, ganhou de forma “irreversível” as eleições. O Partido Livre, da candidata de oposição Xiomara Castro, informou que não aceita os resultados e convocou seus apoiadores a defender sua vitória nas ruas.

De acordo com o STE, com quase 70% dos votos apurados, Hernández, do Partido Nacional, aparece na dianteira com 34%, seguido por Xiomara Castro – mulher do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar em 2009 –, com quase 29%. O Partido Livre denuncia que houve fraude nas eleições e alega que houve problema com cerca de 450 mil votos, que, segundo a legenda, são suficientes para dar a vitória à sua candidata.

“Não reconhecemos o resultado do STE, porque não são reais. A presidente do país por vontade popular é Xiomara Castro”, disse Juan Barahona, dirigente do Partido Livre. “Vamos defender esse triunfo como for possível. Vamos sair às ruas em massa.”

Apesar de o STE não ter ainda declarado oficialmente um vencedor, seu presidente, David Matamoros, disse em rede nacional de rádio e televisão que os resultados divulgados até agora “refletem uma tendência que é irreversível”. “Ainda não declaramos um ganhador ou perdedor, mas determinamos que com os números que já temos os resultados definitivos serão iguais”, afirmou.

Indefinição política

Os dois candidatos se autoproclamaram vencedores do pleito no último domingo (24), enquanto observadores internacionais, empresariais e políticos pediram aos candidatos que esperassem com paciência pelos resultados finais.

Ainda na segunda-feira, antes de o STE informar a vitória “irreversível” de Hernández, o candidato disse que recebeu felicitações dos presidentes de Colômbia, Guatemala, Panamá e Nicarágua. Observadores locais, europeus e dos EUA qualificaram o processo eleitoral como correto. Nesta terça-feira, Hernández já recebeu as felicitações do governo espanhol.

“O triunfo não se negocia com ninguém porque é a vontade do povo hondurenho expressada nas urnas”, disse o candidato governista na segunda-feira. Zelaya, por sua vez, afirmou que ele e sua esposa não aceitam os resultados e convocou seus seguidores a irem às ruas.

A tensão ameaça abalar a frágil estabilidade do segundo país mais pobre da América Latina, que, depois do golpe militar de 2009, entrou numa crise política que esteve acompanhada por manifestações diárias em apoio à volta de Zelaya ao poder. (Com agências internacionais)