Justiça argentina divulga íntegra de denúncia de promotor contra Kirchner

alberto_nisman_04Rastilho de pólvora – O Supremo Tribunal de Justiça da Argentina divulgou na terça-feira (20) a íntegra da denúncia que o promotor Alberto Nisman apresentaria contra a presidente Cristina Fernández de Kirchner e políticos ligados ao governo. O promotor foi encontrado morto no dia anterior.

No documento publicado no site do Centro de Informação Judicial, o promotor afirma que a presidente, juntamente com o ministro do Exterior, Héctor Timerman, o deputado federal Andrés Larroque e outros líderes do governo participaram de um “plano criminoso que visava a impunidade dos acusados de nacionalidade iraniana” de realizar um atentado a um centro judaico em 1994.

“A decisão deliberada de encobrir os acusados de nacionalidade iraniana foi tomada pela chefe do poder Executivo, a Dra. Cristina Elisabeth Fernandéz de Kirchner, e executada, principalmente, pelo ministro do Exterior, Héctor Marcos Timerman”, destaca a denúncia de Nisman.

O promotor também afirmou que o acordo de investigação firmado com o Irã é “a peça central de um plano de impunidade” elaborado pelas autoridades argentinas. O acordo, assinado em 2013, previa a revisão completa da documentação da investigação judicial, a possibilidade de que os autores do atentado fossem interrogados em solo iraniano e a criação de uma “Comissão da Verdade”.

“A assinatura e ratificação de tal documento implica a destruição definitiva de provas contra os acusados de nacionalidade iraniana”, denunciou Nisman.

Alguns trechos do documento já haviam sido publicados por jornais argentinos. Na última quarta-feira (14), Nisman havia apresentado à imprensa um resumo de sua investigação, mas o promotor evitou expor o conteúdo completo para não violar o segredo de Estado.

As informações divulgadas pelo Supremo Tribunal deveriam ter sido apresentadas por Nisman nesta segunda-feira a um grupo de deputados. A divulgação da denúncia na internet só foi possível, após, na sequência da morte do promotor, a presidente revogar a lei que previa o sigilo desse tipo de investigação.

Nisman foi encontrado morto no banheiro do seu apartamento, em Buenos Aires. O corpo apresentava um ferimento de bala na cabeça e ao lado do cadáver foi encontrada uma pistola calibre 22. Na terça-feira, a promotora encarregada do caso confirmou que exames de perícia não revelaram a existência de pólvora nas mãos do promotor. (Com agências internacionais)

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