Quando chegou ao poder central, a reboque de promessas absurdas e mentirosas, o Partido dos Trabalhadores alcançou um sonho acalentado durante anos: estrear no topo da cadeia da corrupção nacional. Depois dessa estreia, que teve como “avant-première” o escândalo envolvendo Valdomiro Diniz e José Dirceu, foi preciso pouco tempo para que o maior esquema de corrupção, o Petrolão, entrasse em marcha e dilapidasse os cofres da Petrobras.
Diante das dezenas de desdobramentos da Operação Lava-Jato e um cipoal de provas para fazer inveja a qualquer investigação, ao menos três próceres petistas que estão presos já defendem a tese de que o partido deve fazer um “mea culpa” e assumir responsabilidade pela roubalheira institucionalizada que levou o País à débâcle política e às manchetes internacionais. Usando o bordão de um conhecido comunista de boteco, “nunca antes na história deste país” roubou-se tanto.
Condenados e presos na Lava-Jato, os petistas José Dirceu (20 anos e 10 meses), João Vaccari Neto (15 anos e 4 meses) e André Vargas (14 anos e 4 meses) querem que o PT admita publicamente a participação da legenda no esquema de corrupção, ideia que ganhou força depois da Operação Custo Brasil, que teve busca e apreensão no diretório central do partido, em São Paulo, além de mandar Paulo Bernardo da Silva para atrás das grades.
Enquanto a trinca de alarifes petistas aguarda uma decisão dos “companheiros”, a cúpula do partido resiste à ideia, pois admitir participação no crime significaria abreviar o caminho para a prisão do lobista-palestrante, que agora voltou à mira do juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Lava-Jato.
A grade questão é saber até quando os três petistas presos e condenados na esfera do Petrolão resistirão às agruras do cárcere. Diante da eventual recusa do partido em reconhecer participação na roubalheira, a Dirceu, Vaccari e Vargas restará a delação premiada, o que colocaria a legenda de joelhos perante a Justiça.
Por outro lado, se não fizerem acordo de delação, os três certamente serão esquecidos na cadeia por aqueles que em tempos outros eram chamados de “companheiros”. A situação mais complexa é a de José Dirceu, que tem 70 anos e na melhor das hipóteses cumprirá dez anos de prisão, já somado o tempo da pena fruto da Ação Penal 470 (Mensalão do PT). Considerando que estimativa média de vida do brasileiro é de quase 75 anos, Dirceu sairia da cadeia para a sepultura, caso não revele o que sabe.