Reunião entre Bolsonaro, Maia e Alcolumbre foi pífia, mas serviu como tábua de salvação para Paulo Guedes

 
A “debandada” no Ministério da Economia provocou estragos na equipe do ministro Paulo Guedes, agitou o meio político e acendeu a “luz vermelha” no Palácio do Planalto, Por conta de um cenário de incerteza que surgiu a reboque de declarações contundentes, o presidente Jair Bolsonaro convocou para o início da noite desta quarta-feira (12) reunião com Guedes e as principais lideranças políticas, como Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Feral, respectivamente.

Após o encontro, que aconteceu no Palácio da Alvorada, Bolsonaro, Maia e Alcolumbre fizeram um rápido pronunciamento, sem detalhar a pauta da reunião. O presidente da República limitou-se a dizer que o governo continuará respeitando o teto de gastos.

“Nós respeitamos o teto dos gastos. Queremos a responsabilidade fiscal. E o Brasil tem como realmente ser um daqueles países que melhor reagirá à questão da crise”, declarou Bolsonaro.

“O Brasil está indo bem. A economia está reagindo e nós aqui resolvemos, então, direcionar mais nossas forças ao bem comum, aquilo que todos nós defendemos. Nós queremos o progresso, o desenvolvimento”, completou o presidente, como se a realidade não mostrasse um cenário diferente e assustador.

“Assuntos variados foram tratados, como privatizações, outras reformas, como a administrativa. De modo que nós nos empenharemos, mesmo que em ano eleitoral, juntos, para buscar soluções, destravar a nossa economia e colocar o Brasil no local que ele sempre mereceu estar”, disse Jair Bolsonaro, omitindo o fato de que o governo teme a reação dos servidores públicos caso a reforma administrativa saia do discurso.

 
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Rodrigo Maia, por sua vez, foi mais comedido e direito ao discursar, ressaltando que ainda há muito a ser feito. “Nós temos ainda muito a fazer, E eu acho que, de fato, reafirmando o teto de gastos e a regulamentação dos seus gatilhos, propostas que existem hoje no Senado Federal e também na Câmara dos Deputados, vai nos dar as condições de melhor administrar o nosso orçamento”, disse Maia.

Como a política peca por seus agentes não combinarem o discurso com a necessária antecedência, Davi Alcolumbre, não destoou em sua fala, mas disse que o Senado estará atento às necessidades fiscais e sociais. Ou seja, a defesa do teto de gastos já encontrou um obstáculo no caminho.

Se os discursos pós-reunião em nada elucidaram os fatos, a sensação que ficou é que o encontrou serviu para dar apoio ao ministro Paulo Guedes, da Economia, que após as demissões a pedido de Salim Mattar (Desestatização e Privatização) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital) passou ser alvo do chamado “fogo amigo”. Guedes foi chamado por integrantes do governo de “idiota” e “primário”.

Com a elevação da temperatura no Ministério da Economia, Paulo Guedes não demorou a dizer que permanecerá no cargo enquanto for conveniente para o País. Essa declaração mostra que a reunião desta quarta-feira, no Palácio da Alvorada, foi semelhante à declaração de um “cartola” futebolístico que concede entrevista para garantir que, apesar da má fase do clube, o treinador será mantido.

Entre o conteúdo nada convincente da fala de Bolsonaro, que defendeu o cumprimento do teto de gastos, e seu projeto de reeleição, Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga”, poderá ser contrariado muitas vezes em suas teorias econômicas liberais. Isso porque o presidente da República tomou gosto por rincões do País abandonados pelo governo, além de ter no seu encalço os sempre gulosos parlamentares do Centrão, que decidiram apoiar o governo de forma quase incondicional porque a proposta de contrapartida foi bem interessante e convidativa. Ou seja, a gastança precisa continuar na opinião dos centristas.

Resumindo, se Bolsonaro for obrigado a decidir entre um novo mandato presidencial e a preservação da política econômica defendida por Paulo Guedes, é grande a chance de o ministro voltar para casa.

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