Após encontro com Bolsonaro, presidente da CCJ ignora adiamento da sabatina de Mendonça e faz cortesia

 
Evangélicos progressistas, alinhados à esquerda, divulgaram carta em que pedem aos senadores a rejeição do nome de André Mendonça, indicado pelo presidente da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) na vaga aberta após a aposentadoria compulsória do ministro Marco Aurélio Mello.

Abandonado por Bolsonaro, principalmente porque o Centrão teme a aprovação de um entusiasta da Operação Lava-Jato, Mendonça contou até os últimos instantes antes da arguição com o apoio de pastores conservadores, que atuaram nos bastidores políticos.

Diz a Constituição Federal de 1988 que o Estado é laico, mas o compromisso assumido pelo presidente Jair Bolsonaro de indicar ao STF um “terrivelmente evangélico” deixa claro que o preceito constitucional nada vale no atual governo.

Se por um lado Bolsonaro recuou por pressão dos integrantes do Centrão, por outros os apoiadores de Mendonça recorreram ao escambo para garantir a aprovação de seu nome pelos senadores, seja na CCJ, seja no plenário da Casa Legislativa, onde indicado precisa dos votos de 41 dos 81 senadores. Até a noite de terça-feira (30), Mendonça contava com 29 votos declarados, mesmo a votação sendo secreta.

 
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Líderes de muitas das igrejas evangélicas existentes no País negociaram apoio nas eleições de 2022 em troca da aprovação do nome de André Mendonça. Tal fato explica o “jogo de cena” que tomou conta da sabatina na CCJ, apesar de alguns parlamentares terem mantido o discurso contra o indicado por Bolsonaro.

Depois de abandonar André Mendonça, o presidente da República voltou à campanha do “terrivelmente evangélico” horas antes do início da sessão da CCJ. Bolsonaro abriu as portas do Palácio da Alvorada para ministros, parlamentares e pastores, com direito a recepção e participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que frequenta a Igreja Batista Atitude.

Para coroar a ópera bufa envolvendo a indicação de Mendonça, o chefe do Executivo recebeu no Palácio do Planalto o presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre, que durante quatro meses evitou de todas as maneiras o agendamento da sabatina.

É desconhecido o conteúdo da conversa entre Bolsonaro e Alcolumbre, mas o presidente da CCJ demonstrou nesta quarta-feira (1) que um acordo pode ter sido costurado no Palácio do Planalto. O presidente da CCJ se preocupou com a devida acomodação dos filhos de Mendonça no plenário da comissão.

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