Após queda de braços com o PSDB, Dória sai derrotado e desiste de ser candidato à Presidência

 
Ex-governador de São Paulo, o empresário João Dória Júnior (PSDB) anunciou no início da tarde desta segunda-feira (23) a desistência de sua pré-candidatura à Presidência. Dória enfrentava resistências internas no PSDB e de partidos da terceira via e fez o anúncio em pronunciamento na Zona Sul da capital paulista.

“Para as eleições deste ano me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve”, disse o ex-governador. O anúncio ocorreu um dia antes de a Executiva nacional do PSDB se reunir para definir como o partido se posicionará na corrida de outubro.

A decisão já era esperada, pois anteriormente foi selado um acordo entre Dória e a direção do PSDB que previa a desistência da candidatura com direito a uma saída honrosa, o que não aconteceu. Diante da insistência de Dória em manter-se como presidenciável, apesar do acordo, o PSDB decidiu abandonar o ex-governador à própria sorte, o que culminou com o anúncio desta segunda-feira.

Não se pode ignorar o fato de João Dória ter vencido as conturbadas prévias tucanas, mas a ameaça de judicialização do imbróglio acendeu mais uma luz vermelha no PSDB, que ao longo dos anos vem definhando partidária e politicamente de forma melancólica.

De igual modo é preciso reconhecer que apesar dos elevados índices de rejeição, Dória fez um bom governo em São Paulo, mas exagerou na dose ao transformar sua gestão em uma ação de marketing. Entre os erros cometidos, merece destaque a politização da produção de vacinas contra Covid-19, assunto que deveria ter sido tratado com equilíbrio.

 
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O UCHO.INFO ouviu nos últimos dias políticos experientes e destacados, sendo que todos foram unânimes em afirmar que foi um erro politizar as entrevistas coletivas do governo de São Paulo sobre a situação da pandemia do novo coronavírus. Nossos interlocutores afirmaram que as coletivas deveriam ser restritas a médico e cientistas.

Em relação à ameaça de judicialização do caso, assunto abordado em carta enviada à direção do PSDB em 15 de maio, Dória ignorou um detalhe importante: a eventual formação de uma federação partidária com o MDB e o Cidadania.

No caso de a federação partidária se confirmar, o resultado das prévias do PSDB torna-se nulo, passando a prevalecer as regras do bloco de legendas visando à eleição presidencial.

Em seu pronunciamento, o ex-governador afirmou que o Brasil “precisa de uma alternativa para oferecer aos eleitores que não querem os extremos”. “Hoje, neste 23 de maio, serenamente, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Aceito esta realidade de cabeça erguida”, afirmou João Dória.

O equívoco maior de Dória, que transformou um partido socialdemocrata em reles apêndice da direita nacional, foi querer impor ao PSDB as próprias vontades, como se a legenda fosse sua propriedade. Ou seja, o ex-governador, que tornou-se conhecido como profissional de comunicação, não soube dialogar.