China anuncia sanções a Nancy Pelosi após visita a Taiwan

 
A China anunciou nesta sexta-feira (5) que vai impor sanções contra a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em resposta à viagem dela a Taiwan. A visita irritou Pequim e motivou o início de grandes exercícios militares chineses ao redor da ilha autogovernada.

Com a ida a Taiwan, a parlamentar democrata “interferiu gravemente nos assuntos internos da China e minou seriamente a soberania e integridade territorial”, o que levará Pequim a “impor sanções a Pelosi e sua família mais próxima”, afirmou o Ministério do Exterior chinês, sem revelar mais detalhes.

Nos últimos anos, a China anunciou sanções contra uma série de autoridades americanas por agirem contra o que Pequim considera seus interesses centrais ou por denunciarem violações de direitos humanos em Hong Kong e na região de Xinjiang, no noroeste da China.

Nomes como Mike Pompeo, ex-secretário de Estado americano, e Peter Navarro, conselheiro de comércio do ex-presidente Donald Trump, estão entre os sancionados. Eles foram proibidos de entrar na China e de fazer negócios com entidades chinesas.

Já em março deste ano, Pequim anunciou restrições de vistos a uma lista não divulgada de oficiais dos EUA que, segundo o governo chinês, “inventaram mentiras sobre questões de direitos humanos envolvendo a China”.

 
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EUA “não permitirão” que China isole Taiwan

Nancy Pelosi desembarcou em Taiwan na terça-feira (2) para uma visita que não havia sido confirmada até a última hora, apesar de incisivos alertas da China sobre possíveis consequências militares e diplomáticas da iniciativa. Ela é a mais alta autoridade americana a visitar a ilha em 25 anos.

Agora em Tóquio, na etapa final de seu giro pela Ásia, Pelosi disse nesta sexta-feira que os EUA “não permitirão” que a China isole Taiwan, e que os políticos americanos deveriam poder viajar livremente para a ilha autogovernada.

“Eles podem tentar impedir a visita ou a participação de Taiwan em outros lugares, mas não vão isolar Taiwan impedindo-nos de viajar para lá”, declarou Pelosi a repórteres. Ela afirmou que Pequim tentou isolar Taiwan ao impedir a ilha autônoma de se juntar recentemente à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Questionada se seu giro pela Ásia foi mais por seu próprio legado do que para beneficiar Taiwan, a americana respondeu: “Não é sobre mim, é sobre eles.” Ela acrescentou, contudo, que sua viagem à ilha “não visava mudar o status quo” na região.

Pelosi chamou a ilha autônoma de “um dos países mais livres do mundo”, dizendo estar “orgulhosa” de seu trabalho em mostrar preocupações relacionadas à China continental, desde supostas violações comerciais e proliferação de armas a direitos humanos.

“Se não defendermos os direitos humanos na China por causa de interesses comerciais, perderemos toda a autoridade moral para defender os direitos humanos em qualquer lugar do mundo”, disse Pelosi. “A China tem algumas contradições – algum progresso em termos de erguer as pessoas, algumas coisas horríveis acontecendo em relação aos uigures. Na verdade, tem sido rotulado de genocídio.”

 
Mísseis chineses caíram no Mar do Japão

A deputada democrata de 82 anos chegou em Tóquio nesta quinta-feira vindo da Coreia do Sul, outro importante aliado dos EUA, onde visitou a fronteira com a Coreia do Norte.

É a sua primeira vez no Japão desde 2015, e na manhã desta sexta-feira ela se encontrou com o primeiro-ministro Fumio Kishida, que disse que o Japão “pediu o cancelamento imediato dos exercícios militares” ao redor de Taiwan.

Tóquio afirmou que cinco mísseis chineses teriam caído na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Japão, sendo que quatro deles supostamente sobrevoaram a principal ilha de Taiwan. A ZEE se estende até 200 milhas náuticas da costa do Japão, além dos limites de suas águas territoriais.

Kishida condenou os lançamentos de mísseis como um “problema sério que afeta nossa segurança nacional e a de nossos cidadãos”.

EUA e Taiwan

Em maio, o presidente dos EUA, Joe Biden, também irritou Pequim durante visita ao Japão, quando disse que as forças americanas defenderiam Taiwan militarmente se a China tentasse tomar o controle da ilha pela força.

Contudo, Biden e sua equipe insistiram na época que sua abordagem de décadas sobre Taiwan permanecia em vigor.

Washington segue uma política de “uma só China” e reconhece diplomaticamente apenas Pequim, e não Taipei, o que significa que Taiwan não tem uma relação diplomática oficial com os Estados Unidos. No entanto, os EUA fornecem apoio político e militar considerável a Taiwan.

Nesta sexta-feira, Pelosi disse que os EUA querem encontrar um “terreno comum” com a China em questões de direitos humanos a mudanças climáticas. “Mais uma vez, nossa visita não trata de determinar qual é a relação EUA-China. É um desafio muito maior e de longo prazo, e temos que reconhecer que temos que trabalhar juntos em certas áreas”, frisou. (Com agências internacionais)


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