No dia da posse, Milei escreveu “la libertad avanza, carajo”, agora proíbe protestos na Argentina

 
Assim como o falastrão Jair Bolsonaro, que fracassou na criminosa tentativa de golpe de Estado, o presidente da Argentina, Javier Milei, é mais um embuste político que surge no vácuo do populismo barato que na América Latina encontra espaço no terreno das crises econômico-sociais.

Em matéria publicada na edição de quarta-feira (13), afirmamos que o pacote econômico anunciado pela equipe de Milei ultrapassa os limites da ousadia e colocaria o presidente argentino na rota de protestos. Isso porque o governo cortou subsídios, desvalorizou o peso frente ao dólar (800 pesos = 1 dólar, no câmbio oficial), anunciou a criação de impostos sobre exportação de alguns produtos, reduziu o repasse de recursos às províncias.

O dólar paralelo, que na Argentina tem o nome de “dólar blue”, fechou os negócios desta quinta-feira (14) valendo 990 pesos. Na terça-feira estava cotado a 1.150 pesos. A inflação anual argentina ultrapassou a marca de 160%, sendo que não precisará muito tempo para chegar em 200%. Desde a posse de Milei, os preços de produtos e serviços tiveram aumento médio de 25%, fruto do temor dos empresários diante das medidas anunciadas

Ao tomar posse como presidente da Argentina, Milei abusou da fanfarronice e registrou no livro de presença do Congresso seu slogan de campanha – “viva la libertad, carajo” (viva a liberdade, caralho).

Pois bem, a defesa da liberdade durou pouco. Nesta quinta-feira (14), temendo possíveis protestos contra os nocivos e imediatos efeitos do pacote econômico, Javier Milei anunciou medidas para proibir manifestações de rua.

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Em pronunciamento na tarde desta quinta-feira, a ministra da Segurança Pública, Patricia Bullrich, disse que “se não há ordem, não há liberdade, e se não há liberdade, não há progresso”. Bullrich afirmou que as vias públicas não serão mais bloqueadas e que quem tentar fazê-lo será processado.

Em outras palavras, Milei mandou pelos ares o slogan da própria campanha, sinalizando que os argentinos correm o risco de enfrentar os desvarios de um governo autoritário, mesmo que diante de câmeras e microfones o presidente defenda a democracia e a liberdade.

Promessas não cumpridas

Durante a campanha eleitoral que o levou à Casa Rosada, Milei, um “outsider” ultradireitista, prometeu revolucionar a economia argentina, que há muito está mergulhada em preocupante crise. Por razões óbvias, Milei, popularmente conhecido na terra do tango como “El Peluca”, começou a descumprir as promessas de campanha logo no primeiro dia de governo.

Após vários discursos em defesa da austeridade, o novo presidente da Argentina alterou uma lei que proíbe o nepotismo no âmbito do Estado para nomear a própria irmã, Karina Milei, para o cargo de secretária-geral do governo.

O anarcocapitalista – assim ele se apresentou aos eleitores – prometeu dolarizar a economia e fechar o Banco Central, o que não aconteceu. Antes mesmo do segundo turno da corrida presidencial argentina, Milei mudou o discurso e desistiu, mesmo que temporariamente, de privatizar os serviços de educação e saúde.

O mais interessante nesse enredo patético, típico de neofascistas, é o nome do partido de Javier Milei: “La Libertad Avanza”. Menos de uma semana após a posse, Milei já dá sinais claros de que a liberdade na Argentina deu largos passos na direção do retrocesso.


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