Movimentação de empresário em busca do controle da Oi pode revelar esquema milionário de fraude

 
Conhecido como inquieto no ramo dos negócios e sempre com foco em empresas que enfrentam dificuldades, para recuperá-las na sequência, o baiano Nelson Tanure passou a se movimentar de forma intensa no mercado acionário. Seu objetivo no momento é deter o controle da empresa de telefonia Oi, outrora uma das gigantes do setor e que está em recuperação judicial.

A meta de Tanure é alcançar participação acionária que lhe garanta o direito de indicar os membros do conselho de administração e, em seguida, negociar com credores o plano de recuperação judicial.

O plano do empresário é considerado de risco, pois em 5 de março, em primeira convocação, a Oi terá assembleia de credores. A segunda convocação está marcada para 12 de março. Diante do prazo exíguo, não está descartada a derrubada da assembleia, com forma de buscar nova data para a realização da reunião de credores da companhia.

A movimentação de Nelson Tanure gerou expectativa no mercado acionário, a ponto de as ações da empresa registrarem desvalorização acima de 17% nos últimos dias.

Caso logre êxito, Nelson Tanure conseguirá fazer um “pente fino” nas contas da Oi, o que poderá trazer à tona alguns escândalos que ainda não têm recebido a devida importância.


 
Um dos casos é a operação ilegal deflagrada por antigos representantes da Oi, que inflavam as vendas de maneira criminosa visando o recebimento das comissões previstas em contrato com a empresa de telefonia.

O esquema funcionava a partir da venda de vários planos de telefonia celular para a mesma pessoa, sem que o comprador soubesse da fraude. Sem histórico financeiro e de crédito para assumirem os valores mensais das contas, as vítimas não eram cobradas posteriormente, pois um esquema criminoso que funcionava dentro da própria Oi garantia a baixa da fatura após as comissões pagas aos representantes.

Tal operação criminosa não era gratuita, ou seja, quem realizava a baixa das faturas tinha direito a uma parcela do dinheiro ilícito. O responsável pela baixa das faturas é conhecido pela alcunha de “Negão”.

A repartição do butim e dava através de um esquema de “triangulação” de recursos, possivelmente para não deixar rastro do dinheiro sujo. Em um dos vértices da “triangulação financeira” tinha uma empresa de telefonia instalada em movimentado centro comercial localizado no bairro da Lapa, Zona Oeste da capital paulista.

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Lucro fácil

Esses alarifes que mantinham lojas da Oi abriram uma nova frente de lucro fácil. Abriram contas bancárias em instituições financeiras que, sem se atentarem ao esquema, concediam diversas linhas de crédito e financiamento, com direito a cartões de crédito com limites elevados.

Na outra ponta desse segundo esquema entrava em cena uma empresa de máquina de cartão de crédito. Com sede em importante cidade paulista, localizada na região Noroeste do estado e operando no município de São Paulo a partir de um flat, a empresa de terminais de cartões de crédito (as famosas “maquininhas de cartão”) foi conivente com o esquema criminoso. Essa prática configura formação de quadrilha, como destacaram alguns criminalistas consultados pelo UCHO.INFO.

Ainda em funcionamento, o esquema se dava seguinte forma: o proprietário do negócio com bandeira Oi usava os cartões de crédito fornecidos pelas instituições financeiras em vendas fictícias utilizando as próprias máquinas de cartão. Em alguns casos, o cartão de crédito era utilizado em máquinas em nome de empresas terceiras, mas pertencentes ao mesmo dono através de “laranjas”. Em suma, o operador da fraude era sempre o mesmo.

Banco Central, Polícia Federal e MP

O UCHO.INFO teve acesso a documentos relativos às transações e prepara um relatório completo sobre o esquema criminoso, que nos próximos dias será enviado ao Banco Central, à Polícia Federal, à Justiça do Rio de Janeiro, que acompanha a recuperação judicial da Oi, e ao Ministério Público fluminense.

No caso em questão o nosso trabalho está seguindo os moldes da elaboração de outros dossiês, como os que viabilizaram as operações Chacal, Satiagraha e Lava-Jato, todas da Polícia Federal.

Quando o relatório for entregue às autoridades competentes, o pânico e a correria dos parceiros da Oi serão enormes, sendo que alguns certamente dirão que são inocentes e desconheciam a ilegalidade.

Alguns dos envolvidos tentaram nos intimidar com falsas afirmações, mas esses não perdem por esperar. O estrago será enorme, talvez com o direito de contemplar o despontar do astro-rei de forma geometricamente distinta, o famoso “sol quadrado”.


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