Escândalo das joias: viagem de policiais federais aos EUA pode causar novo constrangimento ao Exército

     
    A viagem de um delegado e um agente da Polícia Federal para os Estados Unidos, em 25 de abril, poderá provocar mais um arranhão na imagem do Exército, que tem enfrentado desgaste por conta do envolvimento de alguns oficiais nos escândalos capitaneados por Jair Bolsonaro, que fracassou em tentativa de golpe de Estado.

    Como informamos em matéria anterior, os policiais federais irão aos Estados Unidos para aprofundar a investigação sobre a venda ilegal de relógios de luxo e joias presenteados ao governo brasileiro por autoridades estrangeiras. Os objetos, de alto valor, foram vendidos por ordem de Bolsonaro.

    Durante a investigação, a Polícia Federal identificou, no escopo da “Operação Lucas 12:2”, evidências de que o general Mauro César Lourena Cid (à esquerda na foto) usou a estrutura do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami na venda das joias e dos relógios.

    Pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o general Lourena Cid passou a ser investigado após a PF descobrir, em mensagens de WhatsApp, que ele ajudou o filho na negociação dos itens nos EUA.

    Na última semana, a PF tomou os depoimentos de três funcionários do escritório da Apex em Miami, que vieram a Brasília para prestar esclarecimentos no âmbito de investigação interna aberta pela agência.


     
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    Os investigadores, que priorizaram o escândalo das joias e dos relógios de luxo, perguntaram aos funcionários da Apex se Lourena Cid eventualmente guardou os itens no escritório da agência enquanto corriam as negociações para a venda nos Estados Unidos.

    O general Cid levou para os Estados Unidos diversos objetos de valor no final de dezembro de 2022, quando acompanhou Bolsonaro em sua viagem ao estado da Florida, faltado três dias para o término do mandato presidencial. Em suma, Bolsonaro abandonou o governo e fugiu para os EUA.

    Caso fique comprovado o envolvimento de Lourena Cid no esquema de venda ilegal das joias e relógios, o Exército terá de se explicar perante a opinião pública, mesmo o investigado sendo oficial da reserva.

    Na última quinta-feira (11), a Comissão de Promoções de Oficiais (CPO) do Exército vetou o tenente-coronel Mauro Cid de concorrer ao cargo de coronel por estar preso preventivamente desde o dia 22 de março.

    De acordo com o parecer da CPO, Cid está impedido de concorrer à promoção por merecimento devido em ao disposto em artigo da Lei de Promoções dos Oficiais da Ativa das Forças Armadas (LPOAFA), que prevê que o militar preso cautelarmente não poderá constar de qualquer quadro de acesso, enquanto a prisão não for revogada.


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