Mentor do escândalo dos dólares na cueca e irmão do mensaleiro Genoino, José Nobre ameaça o STF

Sem limites – Parte do processo do Mensalão do PT chegou ao fim com a prisão dos envolvidos no esquema criminoso de compra de parlamentares através de mesadas, pagas com dinheiro público desviado do Banco do Brasil, mas a ousadia continua a jorrar das entranhas do maior escândalo de corrupção da história nacional.

Certos de que a Ação Penal 470 terminaria como piada de salão, como afirmou o mensaleiro Delúbio Soares, os petistas condenados insistem em defender a tese de que são presos políticos e que o julgamento foi de exceção. Estratégia imunda e rasteira, típica de quem se envolve em casos de corrupção apostando na impunidade.

Abusando da vitimização na esteira de uma cardiopatia, o ex-presidente nacional do PT, José Genoino, quer cumprir a pena em prisão domiciliar por causa dos problemas de saúde. Trata-se de um direito do apenado que a Justiça deve analisar, como já providenciou o ministro Joaquim Barbosa, mas não custa destacar que para um cardiopata, que recentemente submeteu-se a cirurgia na aorta, Genoino está com a circunferência abdominal extremamente avantajada. Situação que não condiz com quem sofre de hipertensão.

Ademais, alguém que está com a saúde debilitada não encontra disposição para espetáculos midiáticos, como foi o momento em que cerrou o punho à porta da sede da Polícia Federal, em São Paulo, como se estivesse repetindo um gesto tipicamente bolchevique.

O ápice do absurdo nessa epopeia ficou por conta do deputado federal José Nobre Guimarães (CE), líder do PT na Câmara, irmão de Genoino. Mentor do escândalo dos dólares na cueca, Guimarães disse que sua família processará o Supremo Tribunal Federal, na pessoa do presidente Joaquim Barbosa, caso aconteça algo grave com José Genoino no cárcere. José Nobre Guimarães precisa compreender que o irmão não está passando uma temporada em SPA de luxo, mas cumprindo pena de prisão por envolvimento em corrupção e outros quesitos penais.

Se antes de colocar o pé no avião da Polícia Federal (o camburão com asas), que o levou de São Paulo a Brasília, José Genoino era um cidadão comum como outro qualquer, sujeito às garras da lei, agora que está na condição de presidiário essa condição de isonomia é ainda mais latente. No cárcere, os únicos itens do currículo levados em conta são os crimes cometidos pelo apenado. Fama e concentração de poder ficam retidas na porta do presídio.

O que os brasileiros não devem aceitar de forma passiva é que um cidadão como José Nobre Guimarães, representante do partido responsável pelo período mais corrupto da história nacional e envolvido em um escândalo bizarro, dê lições de moral e ameace o Judiciário, como se no País não existissem leis capazes de coibir tais abusos. O Judiciário precisa abandonar a frouxidão, assumir o seu papel de poder republicano constituído e fazer valer a lei, não sem antes manter a ordem.