Aconselhado por assessores a evitar ataques à imprensa, como vem ocorrendo desde o início do atual governo, o presidente Jair Bolsonaro foi questionado novamente, nesta quarta-feira (26), sobre os R$ 89 mil depositados na conta bancária da primeira-dama por Fabrício Queiroz e sua mulher, Márcia Aguiar.
Durante vista à cidade mineira de Ipatinga, no Vale do Aço, Bolsonaro respondeu com certa moderação, ao contrário do que fez no último domingo (23), quando disse ao um repórter do jornal “O Globo”; “A vontade é encher tua boca com uma porrada, tá?”.
Em Minas Gerais, o presidente rebateu a questionamento da “Folha de S.Paulo” com outra pergunta: Não tem arrependimento aqui, não. O que eu falei, está falado… com todo respeito, tem alguma pergunta decente para fazer? Pelo amor de Deus. Ah, você se arrepende?. O que está feito, está feito. Lamento se eu pisei na bola”.
Bolsonaro deveria colocar um ponto final nessa recrudescente polêmica, revelando a realidade dos fatos envolvendo os malfadados depósitos feitos pelo ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro. Como o presidente não tem como explicar o inexplicável, essa pergunta, que virou meme nas redes sociais, fermentará até o momento em que os protagonistas do esquema das “rachadinhas” forem denunciados e julgados. Aliás, já passou do tempo para que Flávio e Queiroz sejam denunciados.
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Eleito debaixo do discurso pífio e mentiroso de combate à corrupção, Jair Bolsonaro, como sempre afirmou o UCHO.INFO, é o que se conhece como “mais do mesmo”. E o esquema das “rachadinhas” e a forma grosseira e truculenta como reage às perguntas são provas dessa mesmice política que corrói a dignidade dos cidadãos.
Bolsonaro sabe que ao insistir nesse questionamento, a imprensa, que cumpre o seu papel de fiscal dos Poderes, abre caminho para que em determinado momento a primeira-dama seja chamada para dar as devidas explicações à Justiça. É importante ressaltar que Michelle Bolsonaro não goza do foro especial por prerrogativa de função, por isso não terá privilégio algum em caso de depoimento.
Mesmo o Palácio do Planalto atuando nos bastidores para conter ao máximo os efeitos colaterais do escândalo das “rachadinhas”, as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) avançam cada vez mais, desnudando o esquema criado pela família presidencial para reforçar o caixa com a ajuda de Queiroz e alguns milicianos.
Quando o assunto veio à baila pela primeira vez, noticiou-se que Queiroz havia depositado R$ 24 mil na conta bancária de Michelle Bolsonaro. Na ocasião, Bolsonaro apressou-se em explicar que o valor depositado era referente ao pagamento de parte de empréstimo (R$ 40 mil) concedido ao ex-assessor parlamentar. Mesmo assim, Bolsonaro não explicou a origem dos recursos usados no empréstimo.
O presidente, em escárnio discursivo, limitou-se a dizer que o depósito fora feito na conta da primeira-dama porque não tinha tempo de ir ao banco. Ora, se dinheiro usado nos depósitos fosse de origem lícita, o pagamento do tal empréstimo poderia ter sido feito na conta do próprio Bolsonaro, que não teria necessidade de sacar o valor em espécie. Em suma, a história é extremamente mal contada e o enredo bolsonarista foi escrito por amador.
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