Não bastasse o negacionismo em relação à pandemia do novo coronavírus e a irresponsabilidade genocida que dedica à Covid-19, doença que já matou mais de 132 mil pessoas no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro decidiu, nesta segunda-feira (14), efetivar no cargo o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que desde a saída do médico Nelson Teich, em 15 de maio, vinha comandando a pasta como interino.
Pazuello, que até recentemente resistia à ideia de ser efetivado como ministro, afirmava que permaneceria à frente da pasta até outubro, mas acabou convencido por Bolsonaro. A posse do general, especialista em logística, está marcada para as 16 horas de quarta-feira (16), em cerimônia no Palácio do Planalto.
O general demonstrava incômodo com a pressão exercida nos bastidores por comandantes das Forças Armadas, já que ainda permanece na ativa. O receito dos militares é que um eventual fracasso na gestão do Ministério da Saúde pudesse resvalar na caserna.
Para vencer a resistência dos militares, Bolsonaro deflagrou nas últimas semanas uma ofensiva sobre os comandantes das Forças Armadas, com o objetivo de convencê-los de que o pior da pandemia já passou e que a atuação de Pazuello à frente do Ministério da Saúde foi satisfatória.
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Eduardo Pazuello será efetivado no cargo de ministro da Saúde apesar de recentemente ter contrariado o presidente da República em duas ocasiões. Na primeira, o ministro, ao falar sobre a pandemia do novo coronavírus, defendeu o isolamento social, assunto proibido no gabinete presidencial. Na segunda, Pazuello afirmou que em janeiro próximo começará a vacinar “todo mundo” contra a Covid-19, enquanto Bolsonaro é contrário à vacinação compulsória.
Além disso, o titular da Saúde foi alvo de duras críticas do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou estar o Exército se associando ao genocídio por causa do pífio combate à pandemia do novo coronavírus.
Como ministro interino, Eduardo Pazuello nomeou 28 militares para cargos importantes na Saúde, inclusive para postos estratégicos da pasta, que em governos responsáveis são ocupados por especialistas.
Sob a batuta interina de Pazuello, o Ministério da Saúde impulsionou a oferta de hidroxicloroquina, medida duramente criticada por epidemiologistas e infectologistas, já que até o momento não há eficácia cientificamente comprovada do fármaco no tratamento da Covid-19. Além disso, o ministro decidiu retirar dos painéis da Covid-19 os números de casos confirmados da doença. Após o assunto parar no STF, a pasta recuou.
Atualmente, o Brasil tem mais de 4,3 milhões de casos confirmados de Covid-19, número que pode ser até sete vezes maior em razão da política de baixa testagem adotada pelo Ministério da Saúde.
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