Brasileiros precisam reagir com firmeza e rapidez à tentativa criminosa do Centrão de abocanhar a Saúde

 
Pode parecer teimosia de nossa parte, mas insistimos na necessidade de a população reagir com rapidez e firmeza aos desmandos que proliferam no universo da política nacional, onde a criminosa troca de apoio por cargos e liberação de recursos está sendo perigosamente normalizada.

Como temos afirmado ao longo dos anos, o Centrão é o que há de pior na política brasileira. Seus líderes chantageiam de forma desavergonhada o governo da vez, como se as muitas necessidades da extensa maioria dos brasileiros nada representassem.

Para garantir apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Centrão cobra mais espaço na máquina federal, com foco em ministérios dotados de muitos recursos. Sob o comando do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a mais nova investida do Centrão contra o Palácio do Planalto tem o objetivo de abocanhar o Ministério da Saúde.

Nísia Trindade foi escolhida por Lula para comandar a pasta da Saúde por causa de seu respeitável currículo e por reconhecida atuação à frente da Fiocruz. Em outras palavras, Nísia não foi escolhida para o cargo por questões políticas, partidárias e ideológicas, mas por competência. Depois de quatro anos de deliberado negacionismo no campo da ciência, Nísia Andrade pode ser considerada a tábua de salvação da Saúde.

De olho da dotação orçamentária da pasta, a maior do governo, o Centrão iniciou um covarde processo de “fritura” de Nísia, mas faz-se necessário salientar que se Lula ceder à pressão, os escândalos de corrupção voltarão sem cerimônia ao Ministério da Saúde.

O Centrão trabalha para emplacar o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) no Ministério da Saúde, pasta que já comandou no governo de Michel Temer. Na gestão de Bolsonaro, o PP enxertou na pasta diversos apaniguados, muitos deles responsáveis por escândalos envolvendo a compra de vacinas contra Covid-19.

 

Lobo entre ovelhas

O conturbado currículo de Ricardo Barros dispensa maiores apresentações. O parlamentar paranaense esteve à frente do escândalo envolvendo a compra do medicamento L-asparaginase, usado no tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA).

Enquanto ministro da Saúde, Ricardo Barros travou verdadeira queda de braços com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aprovar o uso do medicamento fabricado por um laboratório paraguaio que não tem sede no Paraguai, que comprava o produto de uma empresa chinesa e funcionava (sic) no Brasil em escritório de contabilidade localizado na Grande São Paulo.

Com exclusividade, o UCHO.INFO denunciou o escândalo em 18 de janeiro de 2017, levando o então ministro a disparar, intramuros, ataques a este portal e a seu editor. A dona do escritório de contabilidade, onde em tese funcionava a representação do laboratório paraguaio, chegou a fazer ameaças ao jornalista responsável por este site de notícias, mas não recuamos diante das seguidas tentativas de intimidação. Confira abaixo a série de matérias sobre o escândalo envolvendo Ricardo Barros e o laboratório paraguaio.

A cobiça do Centrão pelo Ministério da Saúde se explica pela capilaridade da pasta, que está presente, direta ou indiretamente, em todo o território nacional, além da questão orçamentária, como citamos acima. Na verdade, o Centrão trabalha para emparedar o governo do presidente Lula e, ato contínuo, ter caminho livre para saquear a Saúde.

A reação da sociedade não pode se ater a apenas um dia, como ocorreu na segunda-feira (26), e ficar circunscrita às redes sociais. É preciso aumentar de forma considerável a quantidade de decibéis da indignação, pois sem uma reação à altura a Saúde cairá nas mãos de profissionais da chantagem da política e o governo Lula será mais um refém do criminoso Centrão.

Estamos diante de um movimento criminoso liderado por políticos que usam o mandato eletivo para saquear o Estado. Em qualquer país minimamente sério, não é o caso do Brasil, essas figuras já estariam atrás das grades.

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